Está a ser lançado por este dias um novo vinho alentejano que não quer ser só mais um, e se quer impor pela qualidade. É o Monte das Bagas de Ouro que surge de um projeto familiar e cujo rosto é bem conhecido de todos os portugueses. A jornalista Cecília Carmo e o marido querem dar a conhecer o Alentejo através dos seus produtos, a todo
o país e ao mundo.
Cecília Carmo, a jornalista a que todos associamos aos programas de desporto da RTP, tem um novo projeto. Em 2014 ela e o marido compraram um monte alentejano, na zona de Serpa, onde fizeram uma vinha e um olival. E agora o primeiro vinho está pronto a ser lançado no mercado.
Chama-se Monte das Bagas de Ouro, e partilha assim o nome com a propriedade. Ter uma vinha era um sonho antigo do
marido da jornalista. Ele tinha já algumas noções sobre vinhos mas, de início, houve dúvidas sobre se deveriam, ou não, construir uma adega. Aí foi decisivo o entusiasmo de dois sobrinhos do casal, que desfizeram as dúvidas. Um amigo e sócio deu
um “empurrãozinho” e assim ao Monte das Bagas de Ouro juntou-se a Adega do Montado.
Cecília Carmo reconhece que “não percebia nada, rigorosamente nada de agricultura, nem de vinha, nem de olivicultura”,
por isso preparou-se para o novo desafio. Dedicou-se à leitura sobre estas áreas e fez uma pós-graduação em Wine Business, porque a “gestão é também muito importante para este negócio.”
Depois de quase 30 anos na RTP, de onde saiu em 2016, Cecília Carmo continuou sempre a trabalhar na atividade que abraçou desde sempre, a comunicação. Hoje divide o seu tempo entre a sua empresa de comunicação e a agricultura. Mundos tão diferentes, mas encarados com a mesma entrega. “Isto foi um amor recente da minha parte, mas muito intenso,” confessa.
On occasion, the winemaker may decide to leave them in if the grapes themselves contain less tannin than desired. This is more acceptable if the stems have ‘ripened’ and started to turn brown. If increased skin extraction is desired, a winemaker might choose to crush the grapes after destemming.
Um amor recente da minha parte, mas muito intenso
Cecília Carmo
A vontade de aprender é uma constante na vida de Cecília Carmo. Foi assim no jorna- lismo desportivo, onde nos dá o exemplo do pouco que sabia sobre futebol quando, ainda criança e longe de imaginar que viria
a ser jornalista, ia assistir a alguns jogos.
“Havia uma falta no meio campo eu gritava penalty”, confessa-nos sorrindo. “Claro que eu tive de estudar, de aprender. E
tive que aprender futebol, andebol, basquetebol, mais do que aquilo que já sabia. No vinho é a mesma coisa.” O Monte, para além da vinha, tem também montado, uma pequena criação de ovelhas, e o olival, de onde sairá azeite ainda este ano. Sobre a agricultura diz-nos, sorrindo: “há tanto ainda para desbravar, tanto ainda para fazer, tanto ainda para aprender que eu acho que esta paixão, este amor, vai ainda durar muito mais tempo”.
O(s) Vinho(s)
O Monte das Bagas de Ouro é o primeiro vinho a sair da Adega do Montado. Um nome que é a primeira marca registada
da empresa a ser revelada, e que homenageia assim a terra onde foram produzi- das as uvas. Syrah e Touriga para o tinto,
Arinto e Antão Vaz para o branco. Um vinho de gama média alta com uma pro- dução controlada, onde a qualidade foi o
principal critério. Até porque o objetivo é “entrar no mercado com a ideia de que as pessoas vão ter vontade de provar, e
experienciar as suas vidas com este vi- nho. E para isso precisa de ser um vinho bom”. Nesta primeira fase vai ser comercializado nas garrafeiras, por todo o país, continente e ilhas. Também na restauração e, claro, online.
Cecília Carmo lembra-nos uma frase de Alfredo Saramago, o conhecido autor alentejano, para descrever o que é
um vinho de qualidade. Dizia ele que “o bom vinho é aquele que nos sabe bem” e, acrescenta ela, “que saiba bem a quem o
prova, mas principalmente que a faça sentir bem.”A jornalista, e agora produtora, quer “presentear as pessoas com qualidade, com um vinho elegante” e acredita sinceramente “que as pessoas vão gostar.”
Lá mais para o fim do ano, pelo Natal, sairá um outro vinho cuja marca ainda não podem revelar. Cecília Carmo garante-nos
que as pessoas irão perceber porquê. Está em estágio em barrica há já muito tempo. A filosofia de vida dos sócios da Adega
do Montado é a mesma, dos mais novos aos mais experientes: “Devagar se vai ao longe, e passos bem consolidados evitam
quedas.” E é assim, com o tempo necessário para que a natureza faça o seu caminho, que a jornalista espera que “as
pessoas conheçam o nosso vinho, porque é aquele vinho, não é porque há muito ou porque toda a gente o bebe.”
Este Alentejo que é lindíssimo
Cecília Carmo
Cecília Carmo está rendida ao Alentejo e, particularmente, à zona de Serpa onde fica o Monte. Daí nasceu a vontade de
mostrar às pessoas “Este Alentejo que é lindíssimo”. Querem partilhar o que ali descobriram e para isso convidam as
pessoas a “irem visitar a vinha, a visitar a adega”. Programas que irão lançar muito em breve, nos quais os visitantes poderão
ajudar na vindima, por exemplo. E até “conhecer outros produtores da região, assim queiram eles ser visitados”, diz.
Querem ajudar a movimentar a economia local, com parcerias com os vizinhos das mais variadas áreas. Até porque “o Alentejo tem tantas coisas bonitas, produtores tão bons, produtos tão bons.”
Cecília Carmo foi convidada a fazer parte do Conselho Consultivo das Mulheres Agricultoras – Confederação de Agricultores de Portugal (CAP). Isto porque embora em Portugal haja muitas mulheres agricultoras, não havia uma organização
que as representasse. A jornalista está a adorar a experiência e aprendeu imenso com os encontros que tem tido. “Há cada
vez mais mulheres apreciadoras de vinho, conhecedoras de vinho e conhecedoras do processo de produção de vinho e do
processo de produção das uvas (…) Temos imensas enólogas fantásticas.”
Traz todo o seu dinamismo para esta atividade e, como mulher, lembra: “Eu sempre disse, estou num mundo que é maioritariamente masculino. Imponho-me com trabalho. Fui das primeiras a entrar na área do desporto, e fiquei.” Agora que está na agricultura, pensa: “sou mulher, sou. Mas há muitas mulheres já, a fazer o trabalho que eu estou a fazer.”
O segredo é o trabalho e a partilha, “todos assim nos ajudemos todos.”